Analistas nos EUA descartam risco de ‘venezuelização’ após ação contra Lula
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A operação da Polícia Federal
contra Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (4) deverá acirrar os
ânimos entre críticos e apoiadores do ex-presidente, mas o Brasil não
corre os riscos de mergulhar numa crise política comparável à da
Venezuela, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil em Washington.
Após Lula ser conduzido para depor sobre
sua relação com empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato,
manifestantes favoráveis e contrários ao petista brigaram em frente à
casa do ex-presidente e no aeroporto de Congonhas. O PT convocou um
protesto em solidariedade a Lula e o Movimento Brasil Livre (MBL), que
defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcou um ato a
favor da Lava Jato.
Presidente emérito do Inter-American
Dialogue, um centro de debates e pesquisas em Washington, Peter Hakim
diz que apesar da polarização o Brasil não deve seguir os passos da
Venezuela, onde confrontos entre defensores e críticos do governo têm
provocado mortes e agravado a crise econômica.
“O Brasil não tem o tipo de divisão
(radical) que vemos na Venezuela entre chavistas linha-dura, grupos de
baixa renda que se beneficiaram enormemente de programas sociais e uma
classe média e alta que sente que o país foi tomado de assalto”, ele diz
à BBC Brasil.
Para Hakim, a relação entre governo e
oposição no Brasil sempre foi mais fluida. “Mesmo a transição do regime
militar para o civil foi feita com facilidade”.
Analistas afirmam, no entanto, que a operação contra Lula dificulta ainda mais a posição de Dilma no governo.
A consultoria Eurasia divulgou um
comunicado em que diz considerar provável a queda da presidente. Até
quinta-feira, a consultoria avaliava que Dilma tinha mais chances de
ficar no cargo que de cair.
Para a Eurasia, a detenção de Lula “deve
gerar uma mobilização maior para o protesto pró-impeachment em 13 de
março, ao qual congressistas serão bem sensíveis”.
‘Conflitos pontuais’
Diretor de América Latina da Eurasia, João Augusto de Castro Neves afirma que a ação contra Lula deve gerar apenas conflitos pontuais e reverberar positivamente entre investidores estrangeiros.
Diretor de América Latina da Eurasia, João Augusto de Castro Neves afirma que a ação contra Lula deve gerar apenas conflitos pontuais e reverberar positivamente entre investidores estrangeiros.
“Como aumentou o risco de Dilma cair,
eles passam a achar que a solução da crise política e econômica no
Brasil está mais próxima”, diz Neves. “Se eles estão certos ou não, isso
é outro debate.”
Nesta sexta, o real se valorizou e a Bolsa de São Paulo opera em alta.
Para Kellie Meimam Hock, sócia-diretora
da consultoria McLarty Associates e que serviu como diplomata no Brasil,
a operação contra Lula sinaliza que “as instituições estão funcionando e
isso está levando o Brasil para uma nova era”.
“Temos um grupo de promotores jovens e
bem agressivos que estão mirando o que querem para o Brasil e usando as
instituições para chegar lá”.
Para Hock, o desafio de Dilma será
convencer investidores e governos estrangeiros de que os rumos da Lava
Jato indicam que o Brasil “é uma democracia funcional, com Judiciário
funcional e instituições com um nível sofisticado, e não o contrário”.
Para Harold Trinkunas, diretor de
América Latina do Brookings Institution, outro centro de pesquisas e
debates em Washington, a diferença entre Brasil e Venezuela é que, no
Brasil, “as pessoas estão operando dentro das instituições para ampliar o
alcance da lei e não reduzi-lo”.
Já na Venezuela, opina ele, a crise é
alimentada por um governo que tem se valido de ações inconstitucionais
para se manter no poder.
Trinkunas diz considerar que, embora no
curto prazo a Lava Jato tenda a agravar a turbulência política no
Brasil, no longo prazo a operação poderá ser vista como um marco no
combate à impunidade, problema em que o país custa a avançar apesar da
redução da pobreza e melhorias em outras áreas.
Todos os analistas disseram considerar improvável que os Estados Unidos tentem interferir na crise política brasileira.
“O Brasil não está pedindo a ajuda dos
Estados Unidos”, diz Hakim, do Inter-American Dialogue. “E na verdade os
Estados Unidos não têm capacidade de ajudar o Brasil, não há muito que o
governo aqui possa fazer.”
Para Hakim, a postura da Casa Branca
diante da crise no Brasil reflete um menor envolvimento da Casa Branca
em toda a América Latina, à exceção da América Central e da Colômbia.
“O Brasil está muito distante hoje.”BBC Brasil
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