Sem coveiro nem espaço para mais sepultamentos, cemitério do RN tem até ossada desenterrada
POSTADA POR BLOG O CIDADAO

Caixão deixado ao lado do muro do cemitério de Punaú, em Rio do Fogo, RN
(Foto: Reprodução)
Um caixão aberto e até ossada humana
compõem o cenário de terror no cemitério de Punaú – distrito do
município de Rio do Fogo, no litoral Norte potiguar. Os moradores da
comunidade encontraram a situação assim no último dia 2 de novembro, Dia
de Finados, quando foram visitar os túmulos de familiares e amigos. O
cemitério não tem coveiro e está superlotado.
Além do caixão encontrado na parte de
trás do cemitério, foram encontrados outros pedaços de madeira nos muros
laterais. O agricultor João Maria Dias, que é quem ajuda as famílias a
abrirem os túmulos para enterrar as pessoas que morrem em Punaú, diz que
não sabe quem fez isso e que a situação está insustentável. “Não tem
mais nem espaço pra enterrar uma criança, um anjo", diz.
A solução encontrada pela população, de
acordo com ele, é enterrar os mortos em covas que já tinham sido usadas.
Após o enterro, as ossadas anteriores são colocadas sob o caixão. Há
três meses, o filho e o irmão de Ivoneide da Silva, dona de casa, foram
assassinados. Além da dor da perda, a mulher se sentiu humilhada por ter
que enterrar os dois entes queridos no mesmo local: um espaço
encontrado entre covas no cemitério.
Um osso humano foi encontrado em cima do
túmulo da avó da agricultora Joseana de Carvalho, que ficou revoltada
com a situação. “A gente se sente mal, em saber que não existe zelo
nenhum”, comenta.
O morador João Maria Gonzaga da Silva
diz que sua família tem um túmulo, mas que é insuficiente, já que são 80
integrantes. Se dois familiares falecerem, considera, não há espaço
para ambos. Ainda de acordo com ele, quando o cemitério foi construído,
na década de 1970, havia 49 famílias na comunidade. Atualmente, Punaú
conta com cerca de 5 mil habitantes e a mesma quantidade de covas do
princípio. A Prefeitura de Rio do Fogo, no entanto, não sabe informar
quantas covas havia no local quando o cemitério foi construído e nem
quantas covas há atualmente.
Não bastasse a falta de espaço e de um
coveiro, o cemitério tem sinais de abandono. O portão é fechado com um
pedaço de ferro e ainda faltam iluminação pública e água. O prefeito de
Rio do Fogo, Laerte Paiva, reconhece os problemas. Ele considera que a
situação é antiga, com pelo menos sete anos, e que é difícil ampliar o
cemitério porque ele foi construído em terras particulares.
Ainda de acordo com o prefeito, as donas
da área foram procuradas, mas se recusaram a vender ou doar as terras.
Um inventário que está em andamento deverá resolver problemas
burocráticos que envolvem o terreno. “Até o próximo ano deveremos
conseguir ampliar o cemitério”, pontuou.
Segundo o município, os cargos de
coveiro serão preenchidos no próximo concurso municipal, que não tem
data para sair. A rede elétrica terá que ser estendida para poder
atender ao cemitério. Quanto à falta de água, o prefeito disse que não
existe. Porém a equipe da Inter TV Cabugi esteve no local e não
encontrou o líquido na torneira. Confrontado com a informação, Laerte
Paiva afirmou que faltava água no momento em que a reportagem esteve no
local.
O que a funcionária pública Conceição
Freitas pede é apenas respeito aos vivos e mortos. Ela queria um espaço
para construir túmulo do próprio pai.
Fonte: G1
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