Extratos de doleiros que denunciaram esquema mostram transferências para operador do MDB que “abastecia Temer e Eduardo Cunha”
POSTADO POR BLOG O CIDADAO
O jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a extratos de
operações fornecidos pelos dois doleiros que denunciaram o esquema
investigado na operação ‘Câmbio Final’. Os documentos mostram transferências para um operador da cúpula do MDB, Altair Alves Pinto.
Altair
foi apontado pelo doleiro Lucio Funaro como o homem que repassava
dinheiro para Eduardo Cunha e para o presidente Michel Temer.
Segundo
as investigações, os doleiros movimentavam fortunas todos os dias e
registravam cada centavo que passava pelas mãos deles em planilhas. O
controle das entradas e saídas de dinheiro era feito num programa de
computador, como num banco, mas com extratos de operações ilegais.
Políticos
e empresários usavam uma rede de doleiros que atuavam em 52 países pra
mandar dinheiro pro exterior ou receber valores no brasil sem chamar a
atenção das autoridades nem pagar impostos.
O esquema de lavagem de dinheiro foi revelado por dois doleiros que colaboraram com a Justiça: Vinícius Claret, o Juca Bala, e Claudio Barbosa, o Toni.
Eles entregaram um arquivo de computador com toda a contabilidade dos
operadores do mercado clandestino de dólar que era chefiado pelo doleiro
Dario Messer, que está foragido da Justiça.
Os
extratos mostram o dia da movimentação, o apelido do doleiro que mandou
o dinheiro o apelido do doleiro que recebeu o valor e na última coluna
uma observação de como e pra quem foi entregue.
Na
maioria das operações há apenas uma identificação de quem efetivamente
pegou o dinheiro vivo, das mãos dos doleiros. Essas pessoas eram
operadores dos empresários e políticos e a Lava Jato ainda não sabe quem
eram realmente esses clientes que contratavam o serviço.
Movimentações para Altair somam R$ 10 milhões
O
Jornal Nacional cruzou os nomes que aparecem nos extratos com
documentos apreendidos em outras fases da Lava Jato e teve acesso à
planilha do doleiro identificado como “Ministro” no sistema. É o dolerio
Lúcio Funaro, que já fez delação premiada.
No extrato, há 65 movimentações financeiras relacionadas ao nome de Altair, que somam quase 10 milhões de reais.
Funaro
já explicou quem era Altair Alves Pinto e o papel dele no esquema de
pagamento de propina do MDB nacional. Os documentos reforçam o que ele já havia dito aos procuradores de Brasília: que Altair era um operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do presidente Michel Temer.
“Eu
tenho certeza que parte do dinheiro que era repassado, que o Eduardo
Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha, ele dava um
percentual tb pro Michel Temer. eu nunca cheguei a entregar mas o Altair
deve ter entregado assim, algumas vezes”, disse Funaro, em depoimento.
“O
Altair as vezes comentava. Que tinha que entregar um dinheiro pro
Michel, o escritório do Michel é atras do meu escritório, entendeu?”,
acrescentou.
No ano passado o ex-funcionário da Odebrecht José Carvalho Filho também citou participação de Altair no esquema.
Num
depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral, no processo de cassação da
chapa Dilma/Temer, José Carvalho afirmou que recebeu do ministro Eliseu
Padilha vários endereços pra entrega de dinheiro. Em um deles, em São
Paulo, a entrega foi de 500 mil reais no dia primeiro de outubro de 2014
para “o senhor Altair ou Zabo”.
No
extrato das movimentações do doleiro Funaro, que também operava para a
Odebrecht, aparece esse valor, pago em dois dias na mesma data: no dia
primeiro de outubro de 2014 e no dia seguinte. O dinheiro foi entregue
exatamente a Altair ou Zabo.
As
planilhas de Lúcio Funaro mostram que de 2011 a 2016 só ele movimentou
quase 83 milhões de reais. Todos os 47 doleiros que tiveram a prisao
decretada ontem movimentaram quase 6 bilhões de reais.
Os
extratos dessas operações somam milhares de páginas e ainda vão ser
investigadas pela Lava Jato no Rio ou em Brasilia, para quem tem foro
privilegiado.
Sobre
a denúncia mostrada na reportagem, o palácio do planalto reafirmou que o
presidente Michel Temer jamais recebeu propinas de quem quer que seja.
O advogado de Eliseu Padilha disse que a acusação é absolutamente improcedente e que o ministro sequer conhece Lúcio Funaro.
A
defesa de Eduardo Cunha disse que ainda não teve acesso à investigação e
que, por isso, não vai se manifestar. O Jornal Nacional não conseguiu
contato com Altair Alves Pinto.
G1
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